No dia 10 de maio realizamos
a primeira oficina do projeto Discutindo
a África na Sala de Aula; O cemitério
dos pretos novos: morte e sepultamento de escravos recém-chegados da África,
ministrada pelo Prof. Dr. Julio Cesar Medeiros Pereira.
O pesquisador esclareceu pontos
muito importantes sobre o tráfico atlântico de escravos, desde o comércio nos
portos africanos até à chegada ao Rio de Janeiro, enfatizando o tema de sua
pesquisa: a formação e dinâmica do cemitério dos pretos novos, onde eram sepultados os africanos mortos ao
chegar no cais do Valongo.
O cemitério era um símbolo
do descaso e violência da escravidão: centenas de corpos eram despejados sem
nenhum cuidado em valas coletivas, deixados “à flor da terra”, onde qualquer
chuva deixava às vistas os cadáveres, insepultos e privados de quaisquer
rituais fúnebres. Descasos inadmissíveis tanto para aqueles que partilhavam das
crenças religiosas africanas, como para as
práticas católicas disseminadas no Brasil à época.
As pesquisas do historiador
Júlio Cesar de Medeiros são de grande importância para o entendimento da
dinâmica do mercado do Valongo, um tema em voga na atualidade devido às
iniciativas de revitalização da zona portuária da cidade. Este interessante
trabalho lhe rendeu o Prêmio Afonso Carlos Marques
dos Santos do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, além da publicação do
livro A Flor da Terra: O Cemitério dos Pretos Novos do Rio de Janeiro, pela
editora Garamond.
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